sexta-feira, 29 de julho de 2011

Saudades de Mussum – por Rogério Moreira

Há 17 anos, o Brasil acordava mais triste. Morria em São Paulo, Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum.
Antes de ser o engraçado e carismático humorista do grupo "Os Trapalhões" (para muitas pessoas Mussum foi o mais engraçado dos 4 componentes), ele foi um grande sambista.

Mussum, nasceu em Lins de Vasconcelos, subúrbio do Rio de Janeiro, no dia 07 de abril de 1941. De origem humilde, estudou durante 9 anos num colégio interno. Depois, serviu na Força Aérea Brasileira durante oito anos.... Com um grupo de amigos fundou o grupo "Os Sete Modernos do Samba", mais tarde rebatizado como "Os Originais do Samba".
Um dos grandes sucesso dos "Originais" foi a música "Do lado direito da rua Direita", de 1972, que fez parte do disco "O samba é a corda... os Originais a caçamba"

Por se destacar no grupo e ser muito engraçado foi convidado para estrear programas de humor na TV, o que a princípio recusava. Finalmente ele mudou de idéia e participou do humorístico "Bairro Feliz" (TV Globo - 1965).... Dizem que nos bastidores deste programa, Grande Otelo lhe deu o apelido de Mussum, que é o nome de um peixe escorregadio, que saía facilmente de situações complicadas.

Mussum também era um mangueirense de primeira. Conhecido como o "Mumu da Mangueira", foi por muitos anos diretor de harmonia nos desfiles da famosa Escola de Samba. Também era um torcedor fanático do Flamengo.

No final dos anos 60 foi convidado para trabalhar ao lado de Renato Aragão e Dedé Santana (o Zacarias entraria nos "Trapalhões" anos mais tarde). A princípio recusou, mas depois foi convencido por Dedé a participar do grupo que o tornaria famoso em todo o país. 

Tornou-se popular bordões famosos como "Mé", "Forévis" e "Cacíldis", entre outras palavras com terminações em "is" ou "évis". Assim como frases que hoje seriam impossíveis de serem ditas como "Negão é seu passádis" ou "Eu quero morrer prêtis se eu estiver mentindo", principalmente nesta fase chatíssima do politicamente correto.
Esse vídeo mostra Mussum em um momento raro: Pedindo leite para beber!!!!.. rsrs

Ele seguiu as duas carreiras, sambista e humorista, até que o sucesso e os compromissos na TV, fizeram com ele deixasse os "Originais do Samba"
Ele faleceu no dia 29 de Julho de 1994 aos 53 anos de idade, em virtude de complicações após um transplante de coração.

O auge dos "Originais do Samba" foi coincidentemente o período que Mussum fez parte do grupo. Desta época vale destacar essas músicas:

"Esperanças perdidas", de 1972... Um verdadeiro clássico do samba!!!

"Tragédia no fundo do mar" (Assassinato do camarão)", presente no disco "Pra que tristeza", de 74:

"A dona do primeiro andar", do álbum "Alegria de Sambar", em 1975:... "Estou apaixonado.. Pela dona do primeiro andar"...  

"No reino da mãe do ouro",  foi o samba-enredo que deu o vice-campeonato para a Mangueira em 1976:

Mussum ainda gravaria 3 discos solos.
Em 1978, lançou o álbum "Água benta", e aqui está a faixa título com a participação da Alcione:

Em 1980, lançou o LP "Mussum" e deste trabalho destaco: "A vizinha (Pega ela peru)"

A música "O saudoso" conta a história de um cara cantando a viúva no velório do saudoso...

O último trabalho de Mussum foi em 86 e se chamava "Because Forever":... "Vai sair todo mundo nú, sambado e remexendo o corpis, eu disse o CORPIS!!!!".. rsrs

Para encerrar, mais um vídeo clássico do Mussum nos Trapalhões, ao lado de Didi e do também saudoso Tião Macalé ("Ih, Nojento, tchan!")... 
Armando uma Pindureta!!!!... Demais!!!! 

Mussum Forevis!!!!.. Cacildis!!!!  



Texto de Rogério da Hora Moreira
Programador da Rádio Metropolitana FM / São Paulo

Um comentário:

  1. Alexandre T. Sztyber30 de julho de 2011 às 12:56

    Aquele programa dos Trapalhões, o clássico, das 19h de todo santo domingo, deixou saudades e sinto muito por ter perdido muitos, pois então, moleque, eu preferia brincar com meus amigos do que ver TV - acredito que as duas atividades seriam imperdíveis :-) Mussum trouxe uma sobrevida ao programa. A participação dele nos filmes, a começar com Os Trapalhões no Planalto dos Macacos, em 1976, saiu daquele ping-pong entre Didi e Dedé e ganhou mais gargalhadas. Ele era autêntico numa época onde o humor não necessariamente precisava ser paranóico ou apresentar as pessoas como desreguladas, quase uma charge humanóide.
    É um assunto feliz por trazer tal personalidade e triste ao mesmo tempo, pois me traz a lembrança de uma época de ouro, quando havia maior espontâneidade e as músicas, como as TVs, estavam em sua melhor fase. Éramos felizes e, sem ter visão do futuro, não sabíamos como.

    ResponderExcluir